Como a doçura da gelatina ensina química aos cegos

Como a doçura da gelatina ensina química aos cegos? Vamos começar esse post falando sobre a quantidade de cegos no mundo. Atualmente, existem cerca de 36 milhões de pessoas em todo o mundo que são cegas, dentro os quais podemos incluir 1 milhão de crianças. Para quem é professor de Química, como eu, uma das maiores dificuldades é ensinar esta ciência para pessoas normais imagine aquelas que são cegas. Dessa forma, para ensinar química, eu uso uma série de estratégias que vão desde a simulação de computador até as cores. Sempre tive como princípio o uso das imagens como forma de usar esse sentido para diminuir o distanciamento dos meus alunos da Química.

Então! Mostrar a beleza das cores obtidas em precipitações em titulações sempre foram usadas por mim como estratégia de motivar o aluno a aprender Química. Assim, descobrir nessas minhas tentativas que a visão de cada pessoas e diferente. Certa vez usei a cor violeta da fenolftaleína para saber qual cor os alunos atribuíam. Para minha supressa descobrir que cada um tinha um nome diferente a ser dado para aquela cor da fenolftaleína. Após esse experimento passei a valorizar, sobretudo, o sentido da visão como uma ferramenta importante no processo de aprendizagem do aluno.

No entanto, eu sempre fiquei com a dúvida mas até o momento não me deparei com a situação e seu tivesse um aluno cego? Qual estratégia eu teria que usar?

Bom! O bioquímico Bryan Shaw, da Baylor University em Waco, Texas, também se fez essa pergunta.

Para responder a esse questionamento, Bryan Shaw se baseou primeiramente, como é natural, no tato. Esse é um caminho natural, pois os alunos cegos costumam usar modelos portáteis para ajudá-los a visualizar objetos 3D complexos, por exemplo estruturas moleculares. No entanto, esses modelos podem ser grandes e caros, tornando impraticável fornecer um modelo para cada imagem correspondente em um livro didático. Muitas vezes, deixam os alunos cegos sem as mesmas chances de aprender sobre essas estruturas que aqueles com visão. Por outro lado, Bryan Shaw sabe que a língua é nosso melhor sensor tátil.

Então, Bryan Shaw e seus colegas resolveram usar impressão 3D e moldes de silicone em escala milimétrica que cabe na boca. Um detalhe do modelo criado pelos pesquisadores é que a impressão em 3D é feita de gelatina de goma comestível ou resina cirúrgica não comestível. Por conseguinte, cada modelo tem aproximadamente o tamanho de um amendoim ou de um grão de arroz.

Em princípio, a inspiração para criar esses modelos começou com uma festa de aniversário do seu filho de 10 anos. O filho de Bryan Shaw perdeu um olho devido a um câncer e com o outro enxerga parcialmente. Um menino de 3 anos na festa estava completamente cego e, enquanto engatinhava, colocava itens na boca. Ao observar o filho comendo na festa, ele percebeu, sobretudo, a importância da via oral. A partir daí, Bray Shaw notou que a forma bulbosa da amora era uma espécie de nuvem de elétrons em moléculas. Olha que insight: a boca é uma boa para visualizar modelos moleculares.

Teste estrutura em 3D de gelatina para ensinar química aos cegos

Para testar sua hipótese foram construídos oito modelos diferentes de proteínas e os voluntários puderam reconhecer as estruturas 3D com suas bocas. Os resultados mostraram que cerca de 85% dos voluntários foram capazes de reconhecer as proteínas. Assim, os pesquisadores sugeriram em suas conclusões usar esses modelos moleculares pequenos. Uma das vantagens deles é que são provavelmente mais baratos e fáceis de fazer, armazenar e transportar do que os modelos convencionais. Além disso, eles acrescentaram que é possível criar facilmente modelos de qualquer estrutura 3D, por exemplo organelas dentro das células. Podemos,  produzi-los a partir de uma variedade de materiais, como caramelo ou chocolate.

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modelos de gelatina
Modelos moleculares “pequenos” e “menores”: Altamente portáteis e codificáveis ​​com sabor. (A) Modelos menores não comestíveis impressos em 3D de calmodulina (CaM) e anidrase carbônica II (CA II) são comparáveis ​​em tamanho a um grão de pipoca ou grão de arroz. Série de modelos de proteínas fabricados e testados neste estudo de (B) resina biocompatível (parte superior: tamanho pequeno; parte inferior: tamanho menor) ou (C) gelatina (codificada por sabor ou não codificada). (D) Pequeno modelo não comestível com um cordão de segurança enfiado no olhal integral. (E a G) Modelos menores não comestíveis podem ser codificados com sabor e transportados em grande volume. (E) Array embalado em um cartão de índice padrão e (F e G) embalado em recipientes comuns de doces (mostrado para fins de demonstração). Crédito da foto: Jordan C. Koone, Baylor University; Bryan F. Shaw, Baylor University; e Elizabeth Shaw.

Bryan Shaw não descarta os modelos de mão tradicionais; uma vez que , os modelos usados no mercado têm vantagens sobre as versões menores. Assim, dependendo da estratégia de ensino usada, por exemplo, modelos grandes permitem inspeções mais detalhadas. 

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Fonte:

Inside Science

Science Advances

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