A importância da formação interdisciplinar

Pasteur

Então, qual a importância da formação interdisciplinar? A evolução do conhecimento científico depende de você perceber o que ninguém percebe. Essa foi, por exemplo, a história da descoberta da penicilina. No post “O acaso da descoberta – Penicilina” mostramos que nem sempre uma metodologia científica apurada é garantia de sucesso de uma descoberta.  Convido você a descobrir mais no post, a história é interessante.

Por outro lado, muitas pessoas pensam que uma formação básica e a solidez que você precisa para ter sucesso na profissão. Bom, será? Acredito que não. No post “O que um químico faz em um museu” mostramos a importância da presença de um Químico em outras áreas, por exemplo um museu. 

Mas, em um museu temos além de teias de aranhas, temos aquela velharia que está se acabando. Não é verdade? Sim, mas lá tem também a história da humanidade que precisa ser preservada. Bom, para que seja preservada é necessário um químico para investigar a composição química da obra. 

Então, não basta apenas conhecer a composição química da obra, tem que conhecer a própria obra. Bom, o que você está falando é que sem um conhecimento interdisciplinar um químico não pode contribuir para outras áreas? Sim. A princípio, um químico tem que ter um conhecimento interdisciplinar para ser um grande profissional. 

Vamos contar o caso de Pasteur para você entender meu pensamento. 

Quem foi Pasteur

Em uma biografia rápida, Louis Pasteur (1822-1895) foi um cientista, químico e bacteriologista francês que revolucionou os métodos de combate às infecções. Entre outros trabalhos, estudou a fermentação do vinho e da cerveja, descobriu o processo de “pasteurização” do leite e criou a vacina contra a hidrofobia ou “raiva”. Ele é considerado o pai da isomeria na química.  

Vamos contar o caso de Pasteur

Bom, vejamos o caso de Louis Pasteur com uma descoberta que dependia de outros conhecimentos. Assim, Pasteur se dedicou aos estudos do formato dos cristais do ácido tartárico na química. Dessa forma, ele estabeleceu um paralelo entre a forma exterior de um cristal, a sua estrutura molecular e a sua ação sob a luz polarizada. Portanto, os resultados desses estudos foi a formulação da hipótese da assimetria molecular.

De acordo com essa hipótese, as propriedades biológicas das substâncias não dependem apenas da natureza dos átomos, mas também da sua disposição no espaço.

Então, dificilmente a literatura retrata como Pasteur chegou a sua teoria. A princípio, nós podemos atribuir o estudo desenvolvido por Pasteur sobre a simetria do ácido tartárico à sua formação em artes. Pasteur era, sobretudo, um artista cujas explorações criativas possibilitaram a ele a capacidade de suas descobertas mais monumentais.

Em princípio, ao estudar o ácido paratartárico, Pasteur descobriu que produzia dois tipos de cristais – um como os encontrados no ácido tartárico e outro que era o espelho oposto. Bom, os gregos chamavam espelhos opostos de quiral (kheir) à mão. Por outro lado, sob o ponto de vista da química os cristais não eram opticamente ativos. Dessa forma, essa observação correspondia ao ácido tartárico.

Pasteur concluiu que os cristais de imagem espelhada, juntos como uma mistura 50/50 na solução, anulavam a capacidade um do outro de girar a luz polarizada. E mesmo sem saber como uma molécula foi construída, apenas oito meses depois de receber seu doutorado, ele disse que a estrutura molecular deles também era quiral. A química mudou para sempre.

 Mesmo como cientista, Pasteur permaneceu intimamente ligado à arte. Ele deu aulas sobre como a química poderia ser usada em obras de arte e frequentava salões. Ele até carregava um caderno, anotando 1-4 classificações de obras de arte que ele visitava. Em uma carta aos pais, Pasteur escreveu sobre um retrato litográfico que ele fizera de um amigo. Naquela época, a litografia envolvia gravar um desenho em uma laje de calcário com cera ou óleo e ácido, e pressionar um pedaço de papel branco sobre ela. A imagem resultante é transposta, como uma imagem espelhada do desenho deixado na laje.

Em sua carta, Pasteur escreveu:

“Acho que não produzi nada tão bem desenhado e com uma semelhança tão boa. Todos os que a viram acham impressionante. Mas temo muito uma coisa, isto é, que no papel o retrato não seja tão bom quanto na pedra; é isso que sempre acontece. ”

Eureka. “Não é essa a explicação de como ele via a mão nos cristais – porque ele era sensível a isso como artista?” Dr. Gal propôs.

Considerações finais

Como podemos observar neste post, o conhecimento de artes de Pasteur lhe permitiu interpretar o comportamento óptico dos cristais. Ou seja, não basta ter um conhecimento básico aprofundado, pois a verdadeira interpretação está em outra área. Portanto, você que leu até aqui este post procure conhecer outras áreas. Assim, além de você ter um hobby você terá uma visão mais ampla da área que trabalha.

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Fontes:

The new York times

Hansen, B. & Weisberg, R. E. Louis Pasteur’s three artist compatriots—Henner, Pointelin, and Perraud: A story of friendship, science, and art in the 1870s and 1880s. Journal of Medical Biography, p. 1-10, 2015

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